quarta-feira, 1 de junho de 2016

A MORTE DAS SERESTAS



A MORTE DAS SERESTAS
Clerisvaldo B. Chagas, 10 junho de 2016
Crônica Nº 1.523

Foto: (Notalgics).
A crônica é uma forma literária curta e objetiva que registra o dia a dia sobre qualquer assunto. Por isso mesmo é importantíssima para estudantes e pesquisadores, pois sempre é ela a história viva em compartimentos.
Em Santana do Ipanema, representando o Sertão alagoano, havia regulares serenatas de seus filhos. Até a década de 60 e no máximo de 70, era doce acordar a partir de meia-noite ao som de uma bela voz e de um afinado violão.
O primeiro seresteiro do qual tivemos conhecimento, foi o Agnaldo, também apelidado “Gaguinho” e que fazia parte da banda da Polícia Militar ou do Exército. Era de fato uma voz abençoada por Deus. Depois lembramos o famoso Cícero de Mariquinha do mesmo naipe do primeiro.
Os seresteiros organizavam-se em grupo pequeno de no máximo cinco pessoas, munido, primordialmente de um violão e talvez mais uns dois instrumentos. Saiam cantando às portas de quem queriam homenagear. Chegavam em silêncio. O dono ou a dona de casa ou a mocinha alvo, acordavam com a música sem nenhum barulho antecipado. Pense que surpresa agradabilíssima!
Em Santana do Ipanema havia pessoas reservadas que tocavam sax como o Aroldo e o Cecílio, na Rua Nova e, outro chamado, se não falha a memória, Chiquinho, morador do Bairro São Pedro. Esse era mais atirado e chegou até a instalar um bar na Rua Nova, defronte a igreja Batista, com o nome “Bar Seresta”. O ponto não era dos melhores e o bar não durou muito. Mesmo assim, não nos constam que esses homens fizessem serenatas iguais aos outros. Os dois primeiros, reservados e, o outro, comercial.
Temos também impressão que o último seresteiro de Santana do Ipanema, tenha sido o cantor Miguel Lopes que encerrou essas páginas indo embora para Maceió.
Em Mata Grande, também no Sertão, havia bastantes serestas. Pelo menos as de Santana, nos moldes nostalgia, foram engolidas pelo tempo. Será que o costume ainda pode ser recriado?


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