sexta-feira, 17 de outubro de 2014

CONTRA LAMPIÃO, ESTRATÉGIA EM ANGICOS (II)



CONTRA LAMPIÃO, ESTRATÉGIA EM ANGICOS (II)
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de outubro de 2014
Crônica Nº 1.284
Esse trabalho inédito, não pode ser copiado sem seguir as normas da ABNT e nem plágio no todo ou em parte. 
Contato com autor: clerisvaldobchagas@hotmail.com

Livro publicado em 2012.
Visto os quatro fatores determinantes do fim de Virgolino – na primeira parte deste trabalho – vamos à conclusão.
As três da madrugada as volantes estão ali no cimo do morro das Perdidas, no lugar Encruzilhada. Como foi dito, não há sentinelas. Não era preciso, pois já havia espias no morro das Imburanas. A noite chuvosa, frio de matar sapo e escuro de breu fazia os atalaias no outro morro, dormirem. Pedro de Cândido traça o plano de ataque e vai dizendo a quantidade de homens de que precisa. Divide as três volantes em quatro frentes que irão tapar as três rotas de fuga do bando. Ele mesmo conduz duas dessas parcelas, descendo a vereda das Perdidas. Vai sair abaixo do acampamento de Lampião e ali deixa a parcela comandada pelo sargento Aniceto no leito do riacho seco, cheio de pedras e de difícil acesso ao acampamento. Estava tapada a primeira saída. Pedro atravessa o riacho e, caminhando pelo sopé do morro das Imburanas, deixa outra parcela das volantes no flanco direito de Lampião. Estava tapada a segunda válvula de escape para o cimo do morro das Imburanas. Fica ali o aspirante Francisco Ferreira que divide essa parcela em duas, formando três frentes e tapando duas das três válvulas de escape do bando. A quarta frente está com o tenente João Bezerra que desce por último pela própria vereda do Morro das Pedidas, cortando a mais provável rota de fuga para o interior. Essa parcela está reforçada. Assim, dividida em quatro frentes, as volantes tapam as três válvulas de fuga.
Croqui (Clerisvaldo) adaptado de Frederico Bezerra Maciel.
Questionam pesquisadores: por que não havia vigias no morro das Perdidas? Porque não precisava. Já havia os guardas no Morro das Imburanas. E por que eles não viram o movimento das tropas? Já foi dito. Noite gelada, chuvosa e muito escura, todos dormem. Outros falam em cachorros de A ou B. Ora, cachorro dorme também. Numa madrugada daquela os cachorros estão dormindo nos lugares mais quentes que acharam. E por que não morreram muito mais cangaceiros? Porque as tropas não esperaram o primeiro tiro/sinal do tenente. Os homens do aspirante que chegaram bem perto do coito não se contiveram e atiraram antes da hora. Mas não encontraram nenhum cachorro depois, mistério, dizem. Que mistério que nada! Cachorro corre até com foguete quanto mais com um intenso tiroteio de guerra, inclusive com metralhadoras. A não ser que fosse o cachorro do super-homem! E como a maioria do bando escapou se as três rotas de fuga estavam obstruídas? Graças ao escuro, a neblina e a fumaça. Muitos colocavam os cabelos dentro do chapéu e diziam: “companheiros, companheiros”. Os outros subiam os barrancos por onde desse para subir, de qualquer maneira, aterrorizados. Mas o sargento Aniceto não participou do início, onde estava ele e sua parcela? Já foi esclarecido. Aniceto pegou a parte mais difícil de chegar ao núcleo do acampamento. Subia com dificuldade pelas pedras do riacho. A precipitação dos homens do aspirante não permitiu a chegada de Aniceto para combater de imediato por igual.
Esta foi a estratégia do “general” Pedro de Cândido, marcado para morrer com seu irmão Durval, mas depois transformado em cabo de polícia.



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