sexta-feira, 4 de maio de 2012

BANHO NA CACHOEIRA


BANHO NA CACHOEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de maio de 2012.

Nunca um acidente geográfico foi tão citado na televisão brasileira. Em todos os dias e em todas as horas está presente o nome de queda d’água que ninguém já não suporta mais. E quando a televisão pega no osso com vontade faz como cachorro do mato que não larga a presa por hipótese alguma. Navegamos por rios e mares, escalamos montanhas, subimos serra, descemos morros, vadeamos os rios até com certa tranquilidade, num lazer sadio e aventureiro que vai se distanciando do aperreio moderno. Com equipamento ou não, conduzido às costas, procuramos na paisagem geográfica criar alma nova nessa vida tão bela, mas que às vezes se torna enfadonha. A Natureza, sem nenhuma dúvida, gosta muito de repor a energia de quem à busca. A dificuldade é encontrada apenas quando alguém se depara com uma bruta cachoeira que encanta a princípio e afoga depois. É incrível como esse substantivo feminino está fazendo tanto sucesso no meio da política do país. Banhar-se na cascata parece deixar muita gente em estado de êxtase quando cédulas de reais descem sem sabão nem detergente.
          Carlinhos Cachoeira (reparem só: Carlinhos, menino levado!) foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, operação essa que desarticou a organização que explorava máquinas caça-níquel no estado de Goiás por dezessete anos.  Carlos Augusto de Almeida Ramos é o conhecido Carlinhos Cachoeira “papai” de políticos do alto escalão. Escutas telefônicas acabaram levantando um lençol que escondia a cama da safadeza, isto é, da corrupção sutil que se deitava no leito de Brasília. Demóstenes Torres, tão combatente com faca amolada de dois gumes para esfolar a pele alheia, escorregou feio nas pedras lisas e lodosas da corredeira de Goiás. O tal efeito dominó das descobertas, vai dinamizando o jogo do empurra e mostrando personagens que surgem na janela paisagística do melaço. E ainda existe certo Dadá, braço do homem que não lembra o Dadá Maravilha de jeito nenhum, mas deve recordar grosseiramente o ditador africano de apelido semelhante.
          Nos tempos em que a seca da Bahia vai matando os animais e desmoralizando os homens, no Centro-Oeste do Brasil um aguaceiro se avulta. Nesse momento, então, ninguém sabe o que é pior, se a seca baiana ou se o amparo da toalha que não enxuga o BANHO NA CACHOEIRA.









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