quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CABO DE VASSOURA

CABO DE VASSOURA
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de outubro de 2001
          Daqui de Maceió, vou tendo conhecimento da morte de dona Aristeia, em Santana do Ipanema, senhora de numerosa prole que ajudou a povoar à cidade. A Internet vai dando conta de tudo e os nossos contatos com a terrinha não ficam resumidos apenas nos recados de boca. Dona Aristeia, mulher valorosa, soube bem dirigir sua descendência para o destino de servir à sociedade, coisa que ela faz do modo mais natural possível. Muitos dos seus filhos são destaques no meio em que vivem e fora, honrando essa família tradicional em Santana do Ipanema.
          Mas também veio de Santana, semana passada, a cômica notícia para um Jô Soares ou outro Ás do humor nacional. Fugiu da delegacia da cidade, um bom punhado de presos, usando a mais inusitada ferramenta. Quer dizer, ferramenta mesmo não, mas será que poderíamos chamar de “maderrenta”? Tem-se “ferramenta” que é própria do ferro, deve existir “maderrenta” que vem da madeira. Estou certo ou errado, cabra velho? Bem, deixando de lado a tese da madeira, foi noticiado pelos sites locais e confirmado por representante da citada delegacia, a fuga dos bandidos que usaram um cabo de vassoura para furar a parede, ampliar o buraco e permitir a passagem do bando, chefiado por certo “Nego Cão”, traficante e matador do Bairro Artur Moraes.
          A fragilidade do cabo de vassoura é tanta que virou ditado popular. Quando se fala do homem sem caráter, do que não tem firmeza em suas ações, se diz que “fulano é fraco que só cabo de vassoura”. O leitor deve conhecer muitos cabras assim, coisa que não é, nem nunca foi novidade. Nesses casos, principalmente na ciência política, eles concorrem e vencem com vantagem de muitos corpos, os cabos de vassoura. Por outro lado, esse objeto comprido, roliço, para apoio da limpeza, tem uma serventia enorme no lar e nas ruas em mãos de donas de casa e de garis habilidosos. Para muitas mulheres, representam a primeira arma para bater no maridão, quando faz as suas gaiatices. Ainda bem que não são feitos de baraúna, angico, aroeira, pereiro...
          Entretanto, a notícia de que os presos de Santana fugiram graças a um cabo de vassoura, edifica esse objeto frágil que virou machão do dia para a noite. As fábricas de vassouras vão valorizar os seus produtos, fazendo incessante propagando das qualidades superiores dos seus cabos. “Fuja da cadeia, contando com o cabo de vassoura tal. Adquira o objeto nas melhores casas do ramo”. E assim vamos questionando sobre a eficiência do nosso sistema carcerário. E imaginando se tem um jeito para transformar a fraqueza dos homens fracos em robusto caráter do forte, destemido, eficaz arrombador de paredes, esse novo tipo que apareceu de CABO DE VASSOURA.



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