terça-feira, 1 de março de 2011

UM BIGODE CONDENADO

UM BIGODE CONDENADO
                                  (Clerisvaldo B. Chagas, 2 de março de 2011).

Orquestrados pelos Estados Unidos, os sucessivos golpes militares
foram acontecendo em toda a América Latina. O receio de que forças esquerdistas
tomassem o poder, fez a nação americana apoiar golpes de estado, levando os
militares a ditaduras cruelíssimas que ainda hoje repercutem. Brasil,
Argentina, Chile, entre outros regimes de exceções, faziam parte de uma rede de
força combativa que tanto sofrimento causou ao povo latino. Era assim que agia
o “dono” da democracia no mundo, fazendo ditaduras em seu favor à custa de
milhares (não americanos) que pagaram com a vida.  Entre os títeres do musical Tio Sam, estava o
argentino Jorge Rafael Videla Redondo que golpeou o seu país e governou a gestão
1976-81, até que foi afastado do poder. Na época, a imagem de homem duro,
honesto, calmo e sério, causava até respeito diante da propaganda da sua figura
projetada no exterior. Rosto másculo, impenetrável, Videla mostrava um bigode à
moda Sarney, mantido até o presente momento.

Jorge Rafael Videla Redondo foi acusado de violação dos direitos
humanos como encarceramentos ilegais, torturas e assassinatos. Julgado pelo
desaparecimento de milhares de cidadãos, o ex-ditador foi condenado à prisão
perpétua em 1983. Aquele jogo de prende e solta, solta e prende costumeiro da
região, fez levar o homem ao cárcere e trazê-lo para as ruas. Em 2010 foi
confirmada a sua prisão perpétua, inclusive como culpado de morte de trinta e
um prisioneiros. Agora em fevereiro de 2011, Videla volta aos bancos dos réus. É
acusado de roubo e troca de identidade de cerca de quinhentos bebês, filhos de
desaparecidos, em sua maioria, nascidos em cativeiro. Prossegue o julgamento do
ex-ditador, reabrindo fortemente as feridas dos tempos de chumbo e de terror
que avassalaram a nação vizinha do sul. De vez em quando se descobre um adulto,
vítima como bebê dos tempos Videla. O povo argentino vai assim entre a sede de
justiça e as lembranças dolorosas, tentando viver a normalidade.

Está ali o general impassível, do mesmo jeito de outrora, assumindo
suas culpas, juntamente com outros que fizeram parte da tramoia violenta da
temporada atropeladora. Enquanto isso, o país do norte silencia como se nada
tivesse feito às pátrias alheias: derrubar as democracias e instalar ditaduras
amigas. Dúbia política ianque. Na Argentina, mesmo tardia, a justiça procura
ser feita. Daqui a alguns dias poderá sair à nova sentença para UM BIGODE
CONDENADO.









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