sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

CATAR

CATAR
(Clerisvaldo B. Chagas, 3 de dezembro de 2010)
     Com as duas surpresas do sorteio, a FIFA apresenta a Rússia e o Catar como sedes da copa de futebol de 1918 e 1922. Concorrendo com fortes candidatos, esses dois países conseguiram essa façanha espetacular, motivo de desejos global. Os Estados Unidos não gostaram, bem como o âncora brasileiro Boris Casoy. De parabéns está a FIFA que não se deixou intimidar pelo poderio e representantes americanos. Ambos os países escolhidos são extremos do continente asiático, desde as nevascas de Moscou às quenturas do deserto do Oriente Médio. A Rússia já prometeu construir estádios e mais estádios e gastar uma fábula nesse grandioso evento. O catar, mesmo pequeno polegar no Golfo Pérsico, não tem problemas com dinheiro. Ficou famoso pelo seu ponto estratégico dentro de outro ponto estratégico enorme que fica na confluência de três continentes ─ Europa, Ásia e África ─ ainda hoje, passagem obrigatória de diferentes povos. Sua capital Doha, também ganhou espaços nos jornais do mundo inteiro ao pagar bem aos jogadores estrangeiros e sediar reunião global sobre o clima. Essa localização tem particular importância porque os maiores produtores mundiais de petróleo ficam nessa região. Esse dado faz com que o Oriente Médio desempenhe um papel geopolítico importantíssimo no cenário internacional. São quinze países dentro dessa região, sem contar com dezenas de outros bem próximos dos três citados continentes. Todo o Oriente Médio é apaixonado por futebol, embora não tenha o destaque de outros lugares do globo. A estratégia da FIFA, além de amenizar a tensão do lugar, incentiva o esporte na Ásia Seca onde jorra dinheiro e petróleo.
     Os Estados Unidos não gostaram porque estão acostumados a mandar em tudo. Mas parece que o mundo vai perdendo o medo da Águia com a pintura da nova Geografia. É bom saber que o Catar fica de um lado do Golfo Pérsico e o Irã do outro. Para o Tio Sam, que mete política em tudo, a decisão da FIFA não podia mesmo agradar porque soa para ele como uma forma de prestigiar indiretamente o inimigo. Mas ─ como se fala em advocacia ─ o perdedor tem o direito de espernear. Já aqui no Brasil, ontem à noite, o apresentador de jornal Boris Casoy, com um toque sutil de preconceito disse, ironicamente, que a escolha do Oriente Médio devia ser por causa do futebol primoroso da região; e rebateu depois para aproveitar a gíria das ruas, referindo-se ao país de Doha: "Ora, vai-te catar!" Da Rússia não falou nada. Seu nome não deixou.
     Boris é um dos melhores apresentadores do Brasil. Todavia, vez em quando, comenta coisas sem base e conhecimento de causa. Quer dizer, é bom, mas também (citando jargão) foi não foi, pisa no tomate. E, ao contrário do que disse o grande âncora, sem preconceito nenhum é a hora do Catar e de Boris se CATAR.


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