terça-feira, 7 de dezembro de 2010

BULA INEFFABILIS DEUS

BULA INEFFABILIS DEUS
(Clerisvaldo B. Chagas, 8 de dezembro de 2010)
     Hoje é dia de Nossa Senhora da Conceição. Feriado em meio de semana para quem pretende descansar, viajar ou colocar em dia suas devoções religiosas. Muita gente que arma sua árvore de natal no início de dezembro, escolhe o dia oito para assegurar a crença na bondade divina. Como no Brasil foram reduzidos os dias santos e feriados, quando um deles surge na folhinha torna-se motivo de alegria para o empregado e de praga para o empregador. Estamos totalmente dentro do poço dos metais onde a força do lucro comanda os sentimentos mercantilistas. Os escravos negros não trabalhavam aos domingos para os patrões, mas cultivavam suas próprias lavouras, se quisessem melhor alimentação. Assim não sobrava tempo para o descanso apregoado pelo Cristianismo. Nos tempos atuais inúmeros empregadores não dispensam nem o sábado nem o feriado. Outros nem sequer o domingo. E nessa briga constante e perene, o trabalhador que consegue escapar por vinte e quatro horas das unhas do patrão, procura usar da melhor maneira possível esse intervalo precioso. Muitos santos foram forçados a deixar o calendário civil, mas dificilmente os corações dos seus devotos. Entre sábados, domingos, feriados e dias santificados, avulta-se o dia oito de dezembro como marco importante para os sentimentos católicos que rompem com a descrença.
     É nesse dia que a Igreja comemora o dogma da Imaculada Conceição, conforme o definido pelo Papa Pio IX, em 1854. Portugal foi um país que sempre manteve essa crença, mesmo antes da oficialização papal. Se formos observar pela história, iremos encontrar certa dificuldade da Igreja Ocidental em aceitar a Concepção. Entretanto, no século XIII, o teólogo e franciscano Duns Scotto, defendeu a tese mostrando que era conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original. Maria era destinada a ser mãe do filho dele e que isso era possível pela Onipotência de Deus. Daí foi, então, que a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, foi introduzida no calendário romano. Em 1830, a própria virgem apareceu à Santa Catarina de Labouré, pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: “Ó Maria Concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Quatro anos depois, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma, em 1854, através da bula “Ineffabilis Deus”, do Papa Pio IX, “Maria isenta de pecado original”. Na sua aparição em Lourdes, a própria Virgem confirmou a definição dogmática dizendo para Santa Bernadete Soubirous: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
     Entre os que aceitam a Imaculada Conceição e os que a rejeitam, estamos usando esse tempo útil para sentimentos nobres. Nada como um poço límpido nas longas travessias para alimentar o corpo e a alma. Maria é refúgio seguro para quem a procura. E para mim, como os portugueses mais antigos, nem precisaria essa abençoada BULA INEFFABILIS DEUS.







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