quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

LÁ VEM O VELHO FÉLIX

LÁ VEM O VELHO FÉLIX

(Clerisvaldo B. Chagas. 19.2.2010)
(Blog do autor: http://clerisvaldobchagas.blogspot.com)

Diga conosco:

“Lá vem o velho Félix
Com o fole velho nas costas
Tanto fede o velho Félix
Como o fole do velho Félix fede.

Esse fraseado todo se chama trava-língua. Essa linguagem curiosa sempre foi motivo de brincadeiras entre amigos. O trava-língua também foi muito usado entre os cantadores de pagode, emboladores e até por repentistas-violeiros. Ninguém acha fácil fazer uma leitura de trava-língua, quanto mais cantá-lo.
A política brasileira é interessante, tanto no todo quanto na forma regionalista, principalmente no Nordeste dos antigos coronéis. Até certo tempo atrás, na segunda metade do século XX, caso um prefeito não tivesse em sintonia com o governador, teria como certo um poderoso adversário para lhe fazer sombra e raiva. O chefe-político era essa figura que, por um lado, aliviava os seguidores da oposição, por outro, roubava completamente o prestígio do prefeito. Nesse caso havia quase sempre dois mandatários no município: o de fato e o de direito. Quando o eleitor não conseguia um favor com o chefe do executivo, recorria ao chefe-político que apelava para o governador.
Mas existe outra coisa também interessante na política. Quem entra fica deslumbrado com o poder, as mordomias, as facilidades e as bajulações. Não quer sair mais nunca da arte de governar. É como se tivesse ganhado um pedacinho do céu que, para defendê-lo, usa unhas, dentes, coices e mordidas. O leitor procura gente nova, jovens idealistas inteligentes e capazes, mas quando esses jovens aparecem, quase sempre é a continuação genética dos poderosos. A grande maioria não tem aptidão nenhuma de governar o povo. Mas o tronco velho insiste em colocar o rebento no mesmo ramo. Se puder, coloca também a empregada, o papagaio, o cachorro porque tudo significa dinheiro e poder. A próxima eleição, a próxima e a próxima, são os mesmos, os mesmos e os mesmos. O político brasileiro não procura servir ao seu povo, mas sim, servir-se do povo. Qualquer profissional como um médico, um professor um empresário, como exemplo, tira o seu tempo de mandato e não quer mais voltar à antiga profissão. Não já ocupou o cargo público? Por que não dá vez a outro? Não, o político de primeiro mandato começa a tratar a política como emprego permanente. Lembrando as eleições passadas, só os políticos profissionais tinham oportunidade. Homens e mulheres de outros segmentos debateram em vão os problemas do estado. Enquanto não houver rigorosas punições para os desvios de conduta, como nos países desenvolvidos, os velhos continuarão criando novas raízes igualmente às bananeiras. Você quer votar nas próximas eleições para governador, deputado, senador? Prepare-se para votar nos mesmos. Ô sina triste dos nordestinos. Pior de que a situação de Cuba: sem liberdade de escolha, mas sem corrupção. Pode ser até que um novato quebre o círculo. Você acha fácil? Então diga conosco: LÁ VEM O VELHO FÉLIX...







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