domingo, 10 de janeiro de 2010

MARIA BERRO GROSSO

MARIA BERRO GROSSO

Clerisvaldo B. Chagas. 11.01.2010)
─ Do CD do autor: “Sertão Brabo” – Dez poemas engraçados ─



1
Era forte e bonitona
Os braços dessa grossura
Não gostava de pintura
Morava lá na Cambona
Cada perna dessa dona
Era u´a mão de pilão
Rasteira tapa e balão
Deixavam os home no fosso
Que Maria Berro Grosso
Brigava que só o cão
2
Querendo encontrar Maria
Era nas briga de galo
Nas corrida de cavalo
Nas casas de bruxaria
Berro Grosso todo dia
Bebia pinga e conhaque
No baralho virou craque
Montava em lombo de burro
Se num cristão desse um murro
Foi na titela era um baque
3
Ela zombava e se ria
Se fosse fraco o matuto
Dava tragada em charuto
Que o fumaceiro cobria
Cachimbava todo dia
Na bodega de João Coxo
Dizia que homem frouxo
Nem passasse perto dela
Que só dava um cheiro nela
Se tivesse aquilo roxo
4
O fi de Mané Rebeca
Lhe chamou de popozuda
Ela grandona e parruda
Danou-lhe mão e munheca
Chegaram lá dois careca
Que vinheram se amostrar
Quase morrem de apanhar
Na briga a saia subia
Quem tava de longe via
Mas cadê macho encostar
5
Para lhe falar namoro
Nem mesmo morcego vampa
Porque se visse a estampa
Fazia bico de choro
Receio de entrar no couro
Se não agradasse a loba
Coxa de dezoito arroba
Quem olhasse se engraçava
Mas o medo atrapaiava
Nervoso grande da boba
6
Não aparecia home
Mode se ajeitar com ela
Falar fino perto dela
Só se tivesse com fome
De brinco nem lobisome
Nem amarelo bochudo
Chegou um rapaz sambudo
Com essas carça bem funda
Toda apertada na bunda
Levou porrada e cascudo
7
No futebol da cidade
No fubek deram um grampo
A torcida entrou em campo
O pau quebrou de verdade
Berro Grosso com vontade
Meteu soco em maloqueiro
Mordeu a mão do ponteiro
Como quem dançava regue
Deu um coice que nem jegue
No treinador de goleiro
8
Mas um dia o geringonça
Vaqueiro Zé Bolachão
Que montava em barbatão
Dava na cara de onça
No bar de Pedro Mendonça
Entrou tomando rapé
Deu espirros a grané
Berro Grosso se enfezou
Deu-lhe um chute que pegou
Bem nos negócio de Zé
9
Se virou-se Bolachão
Com seu braço de marreta
Depois duma pirueta
Rodou-lhe a parma da mão
Maria caiu no chão
Sem gritar e sem gemer
Pernas aberta a valer
Se fosse vender retrato
Gritou um cabra gaiato
Todo mundo ia querer
10
Ao levantar-se azoada
Ela disse agora achei
O macho que procurei
Já tou com ele amigada
Zé aceitou a cantada
Que também era donzelo
Depois daquele duelo
Só quer viver na cozinha
Com Bolachão tá mansinha
Já fez dezoito bruguelo

FIM
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