quarta-feira, 18 de junho de 2008

OSCAR SILVA -INFORMAÇÃO

OSCAR SILVA-INFORMAÇÃO
(Escritor Clerisvaldo B. Chagas-6.6.2008)

Nasceu Oscar Silva em 1915, na Rua do Sebo, depois Cleto Campelo e atual Rua Antonio Tavares, em Santana do Ipanema, Alagoas. Sua casa era um pardieiro situado em cima de pedras fixas que lutava contra chuvas e ventos. De família extremamente pobre, o garoto foi criado pela avó Josefina, viúva que para sobreviver exercia a profissão de fladreleira. Confeccionava artigos de flandres como candeeiro e outros objetos de lata. Extremamente rígida, voz compassada e metálica a velha “Zifina” fazia malabarismos para manter a vida escolar e social do neto.
Oscar foi criado brincando na Rua do Sebo, no Poço dos Homens, nas capoeiras, na periferia de Santana. Mais tarde exerceu várias funções como marceneiro, tecelão e mesmo como músico da bandinha do Joel. Para fugir das constantes secas que assolavam a região, resolveu alistar-se como voluntário para lutar na revolução paulista nos anos 30. Descendo para Maceió no caminhão dos flagelados — que também seguiam com a mesma finalidade para fugir da fome — não conseguiu ser aprovado. Tempos depois surge Oscar como sargento de um batalhão de polícia formado para combater Lampião. Comandado pelo, então, Major Lucena, o Batalhão chegou a Santana em 1936 e ali implantou a sua sede. Oscar não fora escolhido a dedo como os demais e tinha certo complexo por ser intelectualizado, pois era autodidata e andava sempre com livros debaixo do braço. Como intelectual não participava de incursões contra os bandidos, porém, com outros companheiros chegou a enterrar os restos de Lampião e seus cabras vítimas da chacina de Angicos, em 1938.
Provavelmente Oscar deve ter retornado a Maceió com o batalhão no período 1940-50. Escrevendo seus primeiros artigos, Oscar Silva fez parte do segundo movimento regionalista de literatura originário do Recife e que acontecia na capital de Alagoas em 1950. Lutando contra preconceitos em todas as áreas, o menino pobre de Santana do Ipanema, publica o seu primeiro livro de crônicas sertanejas que tem Santana como pano de fundo. “Fruta de Palma” é lançado em 1953, através da editora “Caetés”. Surge Oscar em outros momentos como funcionário público federal, exercendo as funções de Coletor na cidade de Toledo, Paraná. Em 1968, o escritor publica o seu romance “Água do Panema”, em edição própria ainda na cidade de Toledo.
Como a casa da sua avó era defronte a casa de meu pai, ainda conheci “Zifina” e a ela dei um certo trabalho quando criança na era de 1950.
Conheci Oscar Silva quando da sua última visita a Santana do Ipanema, ocasião em que jantamos juntos no “Biu’s Bar e Restaurante”, juntamente com sua companheira Gilda, o comerciante Bartolomeu Barros e Djalma Carvalho. Nesta ocasião o escritor nos pedia para que escrevêssemos a história de Santana. Sem intenção nenhuma em atendê-lo, eu a escrevi. Crítico feroz de quem redigia mal, Oscar, dizem, costumava sublinhar em vermelho as frases erradas dos livros alheios. Seu estilo é simples, permeado de frases de efeito, respingado de complexo de infância. O desenrolar dos seus trabalhos é doce e profundamente humano. Oscar Silva é o primeiro ou um dos primeiros escritores da terra; meu escriba predileto de Santana do Ipanema.
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